Relembrar o "Pedralva" // Remembering ‘the Pedralva’ // Texto original do arqueólogo Gonçalo Cruz // Tradução para Inglês da professora Eugénia Almeida
"Homem de pedra" lhe chamavam em Pedralva, no Concelho de Braga, de onde provém. Ficou conhecido como "o Colosso", devido às particulares proporções do volume granítico.
"Parcialmente escondido pelo arvoredo da Alameda Mariano Felgueiras – que, sendo certo que o oculta, também lhe vai atenuando os efeitos da poluição atmosférica da grande rotunda – a sorumbática figura do "Colosso de Pedralva" vai contando os dias. "Homem de pedra" lhe chamavam em Pedralva, no Concelho de Braga, de onde provém. Ficou conhecido como "o Colosso", devido às particulares proporções do volume granítico, ou mesmo "o Pedralva", identidade que lhe foi atribuída nos cartoons de Salgado Almeida, nos quais dialogava com "o Afonso" sobre a política vimaranense. Curiosa e feliz alegoria do cartunista à sociedade vimaranense, assim feita de "afonsos" e "pedralvas". Ainda no século XIX, depois de um breve momento de entusiasmo, Sarmento deixou de considerar a possibilidade de trazer a peça para Briteiros, não deixando de adquirir o terreno onde primeiramente viu os seus fragmentos abandonados. Foi de facto Mário Cardozo que, persuadido da sua antiguidade, promoveu o seu transporte para o jardim da SMS. O determinante estudo de Antonio de Azevedo, na década de 1940, concluindo, acertadamente, tratar-se de uma escultura inacabada, provavelmente talhada em época muito mais recente do que se pensava, veio retirar-lhe valor arqueológico. Não lhe retirou, contudo, o estatuto de "caso de escultura", que assim se lhe referiu, e verdadeiro case study, diríamos, porque este "homem de pedra" devia integrar o plano de estudos de todos os que se dedicam à História da Arte e às artes plásticas em geral.
Foi, precisamente, o conhecimento dos monumentos locais e a reflexão sobre o significado de determinadas estátuas no espaço público, que levou um grupo de alunos do 6° ano da Escola EB 2,3 D. Afonso Henriques, em Creixomil, a visitar, procurar saber mais, desenhar e chamar a atenção para o Colosso que, nascido bracarense, vimaranense se fez, como todos os "pedralvas". Insere-se a iniciativa "Patrimónios de proximidade e cidadania cultural", no âmbito do Projeto Cultural de Escola "Transformar a Escola num pólo cultural - os patrimónios de Guimarães", coordenado pelo professor Sérgio Silva. Esta atividade levou mesmo Salgado Almeida a fazer reviver o “Pedralva” do cartoon.
E foi destes alunos, visivelmente entusiasmados com esta escultura, que partiu o apelo para que se coloque junto do Colosso, um pequeno painel informativo. O "Pedralva", na mudez que lhe provoca a compleição granítica, agradece que expliquem a quem por ele passa, quem ele é e de onde veio".
Gonçalo Cruz, in: Jornal de Guimarães - O berço da informação (jornaldeguimaraes.pt)
Partially
hidden by the trees of Alameda Mariano Felgueiras - which, although they do
hide him, also mitigate the effects of the atmospheric pollution from the large
roundabout - the grim figure of the ‘Colossus of Pedralva’ is counting his
days. They called him the ‘Stone Man’ in Pedralva, in the municipality of
Braga, where he comes from. He became known as ‘the Colossus’, due to the
particular proportions of the granite volume, or even ‘the Pedralva’, an identity
attributed to him in Salgado Almeida's cartoons, in which he had a dialogue
with ‘the Afonso’ about Vimaranense politics. The cartoonist's curious and
happy allegory of Vimaranense society, thus made up of ‘afonsos’ and
‘pedralvas’.
Still
in the 19th century, after a brief moment of enthusiasm, Sarmento stopped
considering the possibility of bringing the piece to Briteiros, but he did buy
the land where he first saw its abandoned fragments. It was in fact Mário
Cardozo who, convinced of its antiquity, promoted its transport to the SMS
garden. António de Azevedo's decisive study in the 1940s, rightly concluding
that it was an unfinished sculpture, probably carved much more recently than
previously thought, took away its archaeological value. It did not, however,
take away its status as a ‘case of sculpture’, which is how he referred to it,
and a true case study, we would say, because this ‘man of stone’ should be part
of the syllabus of all those who dedicate themselves to the History of Art and
the plastic arts in general.
It
was precisely the knowledge of local monuments and reflection on the meaning of
certain statues in public spaces that led a group of 6th grade students from
the D. Afonso Henriques EB 2,3 School, in Creixomil, to visit, find out more,
draw and draw attention to the Colossus who, born in Braga, became a Guimarães
native like all the ‘pedralvas’. This is part of the ‘Heritage of proximity and
cultural citizenship’ initiative, as part of the School Cultural Project
‘Transforming the School into a cultural centre - the heritage of Guimarães’,
coordinated by teacher Sérgio Silva. This activity even led Salgado Almeida to
revive the cartoon ‘Pedralva’.
And it was from these students, who were visibly enthusiastic about this sculpture, that the call went out for a small information panel to be placed next to the Colosso. The ‘Pedralva’, in the muteness caused by his granite complexion, would be grateful if those who pass by could explain who he is and where he came from.
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