A graça, as graças e o mobiliário - a propósito do GUIdance

Levámos alguns alunos (infelizmente, apenas alunas) à Escola Secundária Francisco de Holanda, para uma conversa com os “embaixadores do GUIdance 2025”. A fim de todos conhecermos melhor a coreógrafa e bailarina italiana Sílvia Gribaudi – a embaixadora do GUIdance nesse dia –, foram projetados alguns vídeos mostrando momentos do seu espetáculo “Graces” (inspirado na escultura “As Três Graças” de Antonio Canova), bem como de outras coreografias que criou. Todos os vídeos proporcionaram momentos de gargalhadas e de interação com o público, composto, essencialmente, por alunas da Escola Secundária Francisco de Holanda e da Escola EB 2.3 D. Afonso Henriques, como escola convidada.

Aberto o debate, alguém perguntou diretamente à coreógrafa, se os seus espetáculos tratavam o tema da antinormatividade dos corpos [como se o “corpo balético” (de ballet) não fosse uma expectativa do “métier” da dança]… Sílvia Gribaudi respondeu, dizendo que, como é normal, em determinada fase da sua vida, deixou de ter um corpo balético, mas querendo muito dançar, criou o seu próprio espaço, autodefinindo-se como uma autora do corpo, do corpo livre (“il corpo libero”), para poder continuar a existir e a trabalhar no universo da dança.  

Durante este momento de conversa, sucederam-se vários reptos da própria Sílvia Gribaudi e também de um bailarino que dança no espetáculo, Andrea Rampazzo, de modo a utilizarmos o espaço do auditório e a tomarmos conta de um corpo performativo coletivo, procurando sensações físicas, numa relação com o outro e com o espaço envolvente (incluindo o próprio mobiliário), experimentando na primeira pessoa, o advento da orquéstica, da qual podemos e fazemos parte todos os dias. Gargalhadas e um certo caos, invadiram o auditório, literalmente. Em cima das cadeiras e das mesas, deitados no corredor, atrás das cortinas, ou a tocar com as mãos o teto “com furinhos” do auditório, contraímos, expandimos e conectamo-nos com a escola e com a dança. E o que é a verdadeira expressão, senão uma grande sinergia dos elementos e da matéria?!











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